Macacos e Demónios

1.
Ao princípio era o verbo. Mas Deus (ou o nome que queiram dar segundo a vossa religião – caso a tenham), cedo se cansou de falar sozinho e criou objectos inorgânicos e depois orgânicos – e apareceu o Homem. E o Homem criou computadores e ao princípio foi o verbo (e máquinas para picarem cartões que depois eram lidos por outras máquinas até se transformarem em linguagem, em dados e em resultados).

Mas o Homem nunca esqueceu a maçã primeva e, depois de inventar os computadores, começou a criar programas em que a maçã passou a ser residente permanente. E veio a internet, e o verbo e a maçã marcaram presença: os Talkers, os Muds… (Norberto Nuno de Andrade no Público Digital, fez recentemente uma breve e excelente História destas histórias).

Até que a imagem se tornou tão ou mais importante que o verbo. E surgiu o Havok, presente em muitos dos principais jogos de computador e em imagens de filmes tratadas por computador (Poseidon por exemplo). Mas detrás das imagens de computador, o verbo, semi-esquecido aparentemente, é omnipresente. E surgiu o Mono.
E tendo já os demónios e os macacos, vamos a ver o que tudo isto tem a ver com SL.

2.
Em SL os ‘Scripts’ estão disseminados por todo o lado e por tudo: desde um simples anúncio que roda, até muitas peças de roupa vestidas pelos avatares (no momento em que este texto é colocado, estão 14 avatares em Portucalis e 808 scripts activos). Actualmente todos os scripts são traduzidos para linguagem máquina por um compilador próprio LL. O macaco desta história, ou seja, o Mono, é um ‘novo’ compilador que vai ser adoptado pelos LL e que já está em fase experimental em algumas regiões da Beta Grid.

Qual a vantagem de termos um macaco como compilador LSL? Essencialmente velocidade!

Segundo os testes feitos pelos LL, a velocidade de execução dos scripts pode aumentar até 220 vezes a actual. Para além da velocidade, há a forma como o actual compilador trata os scripts: cada um, tenha apenas 2 linhas de código ou 200, ocupa sempre o mesmo espaço de memória (16K) – e por isso (e também porque se trata de memória estática) cada script actualmente não pode ter mais de 16K de tamanho. Com o macaco, cada script pode ir até 64K e a memória é dinâmica, ou seja, cada um só vai ocupar o espaço que de facto tiver.

Não sei se todos acompanharam os parágrafos anteriores mas, pelo menos aqueles que fazem programação (independentemente da linguagem) acho que perceberam. Tentei simplificar (eu não sou informático mas um simples programador amador).

E vamos aos demónios. O actual demónio é o Havok1, mas já está em fase de experimentação o Havok4 (na Beta Grid e em algumas regiões na Main Grid). O nosso demónio 1 é o que comanda ‘quase tudo’ que está por detrás da SL tal como a conhecemos. É a ‘peça’ de software responsável pela parte física de tudo o que implica ‘visualização’ inworld: a forma como os objectos móveis se tocam e depois se afastam, o movimento natural de algo tão simples como andar ou, no caso das avataras ‘peitorais‘, a cadência natural de umas mamas para cima e para baixo ao andar. Mesmo virtual, é Física (gravidade, inércia…).

Depois do texto ‘escorrido’ eis a ‘webgrafia’ (sem nenhuma ordem em especial):

Macaco:
http://www.mono-project.com/Main_Page
http://wiki.secondlife.com/wiki/Mono
http://blog.secondlife.com/2008/01/29/mono-beta-launch/

Demónio:
http://www.havok.com/
http://blog.secondlife.com/2008/01/23/havok4-early-adopter-program-returns-to-second-life/
https://wiki.secondlife.com/wiki/Havok_4
http://gwynethllewelyn.net/2007/09/29/hell-freezes-over/
http://getasecondlife.net/2008/02/second-life-geral/os-prims-e-o-havok-4/
http://www.youtube.com/watch?v=90v2-doDuwA

P.S. Nunca experimentei o Mono, mas fiz vários testes com o Havok4: criei cerca de 300 esferas e deixei-as cair de uma altura de 30m, e ao tocarem no chão passaram por vários obstáculos. A experiência foi feita no espaço da Academia Portucalis (Havok1) e na Beta Grid (Havok4): confesso que não notei uma grande diferença, mas notei alguma (o erro deve ter sido da experiência ou, o mais certo, porque não tinha ao meu lado para filmar as experiências aquele gajo que se chama… ai, não me lembro, acho que o nome começa por H, é aquele indíviduo que faz uns filmes machinima porreiros) 🙂